sexta-feira, 4 de julho de 2014

Transplantados denunciam falta de medicamentos em Pernambuco

Pacientes que fizeram transplante de órgãos denunciam a falta de medicamentos na Farmácia do Estado, que fica no prédio onde funcionava a Secretaria de Saúde, na Boa Vista, área central do Recife. Eles reclamam que o problema vem acontecendo constantemente, e os remédios são essenciais para a sobrevida dos transplantados.
De acordo com os entrevistados pela reportagem do NETV 2° Edição, dois medicamentos para pacientes que fizeram transplante de órgãos estão em falta: o micofenolato de sódio e a ciclosporina. Nas farmácias comuns, cada um custa em torno de R$ 250.
Cada paciente que deixa de receber um medicamento na Farmácia do Estado vive uma espécie de drama pessoal. É que transplantados precisam ficar tomando alguns remédios para o resto da vida, como o pesquisador Charles Albuquerque, que fez um transplante de rim há sete anos. “A gente vem três, quatro vezes durante a semana pegar esse remédio e nunca tem. A resposta que eles dão sempre é a mesma: que o Ministério [da Saúde] ficou de mandar. Durante esses dois meses que eu estou vindo para cá, esse remédio [ciclosporina] está em falta. Ele é imunossupressor, a gente não pode ficar sem esse medicamento”, lamentou.
O advogado Carlos Alberto tem uma irmã transplantada e fica revoltado com a falta de medicamentos na farmácia. “É o não respeito às pessoas doentes, porque se eu sei que aquela pessoa toma medicação. Não é uma pessoa, são milhares. E por que deixa? Não compra? Ela não pode passar um dia sem tomar essa medicação. Aí todo um trabalho de transplante, ela perder a vida dela por causa de irresponsabilidade?”, criticou.
O aposentado Eliseu Caribé de Carvalho fez transplante de fígado e também precisa tomar o micofenolato e a ciclosporina todos os dias. “Eu já peguei uma fila [na Farmácia do Estado] de, aproximadamente, 400 a 500 pessoas. Quando chegou a minha vez, só tinha um medicamento e o outro estava em falta. E me informaram que não tinha data correta para chegar o medicamento. E como vai ficar a minha situação? A falta desse medicamento traz a vida da gente em situação difícil”, disse.
O tradutor Erick Pontes tem 24 anos e fez um transplante de coração na Itália, há sete anos. Por causa da constante falta dos medicamentos, ele decidiu tirar um passaporte às pressas. “Hoje eu estou correndo um alto risco de vida, tendo que fazer a renovação de um passaporte de emergência, porque, caso não solucione o problema da falta do medicamento, eu tenho que pegar um avião e ir para Itália. Eu não posso arriscar a perder minha vida por conta de uma estrutura tão mal organizada como essa aqui no Brasil”, apontou.
Atraso no repasse
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou que o micofenolato de sódio e o ciclosporina estão em falta. O órgão explicou que o micofenolato de sódio é fornecido pelo Ministério da Saúde, que está com dificuldade na entrega em vários estados, incluindo Pernambuco. O MS disse que o prazo para a regularização é 11 de julho. Para adiantar o processo, a SES conseguiu, com o estado da Bahia, 74 mil comprimidos emprestados.
Com relação ao medicamento ciclosporina, a Secretaria informou que o remédio está em processo de compra. O estado da Bahia vai fornecer 21 mil cápsulas de 100 miligramas. O órgão disse ainda que as empresas responsáveis pela entrega de remédio, Germed e Uni-Hospitalar, foram notificadas judicialmente pelo atraso e que essas empresas se comprometeram a regularizar o estoque até 10 de julho.
Fonte: G1

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