terça-feira, 2 de setembro de 2014

O debate particular de Dilma e Marina

O segundo debate entre os candidatos à Presidência da República, desta vez promovido pelo SBT/UOL/Folha/Jovem Pan, foi uma disputa particular entre a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), e a postulante do PSB, Marina Silva. As duas polarizaram durante todo o tempo, medindo forças, levando para o palco a disputa registrada nas pesquisas. Diante disso, os outros ficaram durante grande parte do debate em segundo plano.

Nos três blocos em que houve confrontos, ora a presidente Dilma questionava Marina , ora a socialista tirava a petista para debater. E foi assim. Um confronto aberto, com a questão econômica permeando a maioria das intervenções entre ambas. Houve espaço até para a revelação da presidente de que “o nervosismo do debate” a levou a não compreender as regras do confronto.

A estratégia adotada por Dilma de enfrentar Marina logo na sua primeira pergunta denotou uma preocupação que vem crescendo entre os seus aliados: a necessidade de conter o avanço da socialista, que tem potencial de tirar votos tanto da petista como de Aécio Neves (PSDB). E se a sangria for grande, já admitem nos bastidores, é possível até ocorrer o que hoje é muito improvável, que é a disputa acabar no primeiro turno.

Mas entre todos os participantes do debate, o que mais se prejudicou com essa polarização foi Aécio Neves, que ficou espremido entre as duas, praticamente alijado dos enfrentamentos. Sem conseguir entrar no debate, o tucano, que havia se saído bem no primeiro confronto da Band, sucumbiu, ficando sem brilho.

Pior para Aécio, que apresentou uma forte queda nas últimas pesquisas e patina na casa dos 15% das intenções de voto. Os debates são cruciais para manter a esperança de fazer alguma coisa na eleição. E foi com esse pensamento que ele tentou confrontar a presidente Dilma, por duas vezes. Mas sem muito sucesso.

Dos outros candidatos, destaque para o destempero de Levy Fidelix (PRTB). Ao ouvir o jornalista Kennedy Alencar classificar o partido que preside como “legenda de aluguel”, ele perdeu as estribeiras. “Agora você que é típico representante da mídia vendida, essa mídia que ataca, essa mídia que coloca gente nas pesquisas lá embaixo. É sim língua de aluguel. Você se comporta como tal e alguns outros da própria mídia”, disparou o candidato, que se referiu ao jornalista, com palavras nada elogiosas, em outras três oportunidades.

Mostrando muita presença de espírito, como ocorreu no primeiro debate, o candidato do PV, Eduardo Jorge, ao ser instado a comentar a acusação de legenda de aluguel contra o PRTB, provocou risadas ao disparar: “Eu não tenho nada a ver com isso. Então eu vou aproveitar, o meu minuto e dizer que o PV tem uma proposta bastante ousada de reforma política, porque o PV é um partido democrático”.

Se colocar na balança a atuação dos candidatos, quem mais perdeu foi Aécio Neves, justamente porque era o que mais precisava se destacar, para tentar retomar o crescimento nas pesquisas. Em curva descendente, a presidente Dilma merecia ter um desempenho melhor. Já Marina Silva atuou para não correr risco. Surfando nos números confortáveis das pesquisas de opinião, adotou a estratégia de não se expor.

Fonte: Blog da Folha

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