Começou nesta segunda-feira (06.08) a Campanha de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo, que, em Pernambuco, beneficiará 544.180 meninos e meninas entre 1 anos e menores de 5 (4 anos, 11 meses e 29 dias). O objetivo é imunizar, no mínimo, 95% desse público, que deverá ser levado aos postos de saúde independente da situação vacinal. A campanha segue até o dia 31 de agosto, com o Dia D em 18 de agosto.
No Brasil, há surtos de sarampo confirmados em Roraima e Amazonas, ambos relacionados a casos importados. Além disso, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Pará. Nas Américas, a Venezuela responde 65% dos casos de sarampo reportados em 11 países da Região. A constatação da OMS é de que o fluxo de imigração e refugiados venezuelanos ao Brasil trouxe a doença de volta ao País, depois que havia sido erradicado em 2015.
No mundo, o sarampo circula em países da Europa, África, Ásia e Oceania, havendo, continuamente, o risco de importações e, portanto, necessidade de manter a rede de saúde alerta para notificação imediata de casos suspeitos, investigação e realização das medidas de controle preconizadas e monitoramento de coberturas vacinais.
“O trânsito de pessoas entre Estados e países intensifica o risco da reintrodução desses vírus em Pernambuco. Além disso, estamos vivenciando um período de baixa cobertura vacinal em todo o Brasil. Precisamos chamar a atenção do público para a vacinação, que é a melhor maneira de proteger nossa população contra essas e outras enfermidades, muitas delas potencialmente graves. Essa campanha é importante para ampliarmos nossas coberturas e continuarmos sem a circulação do sarampo e da poliomielite em nossas cidades”, afirma a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo. A coordenadora lembra também que diversas reuniões foram realizadas com os municípios para treiná-los e para tirar as dúvidas sobre a campanha. As cidades ainda foram incentivadas a criarem estratégias para chegar até o público da iniciativa.
Durante a campanha, poderão ser aplicadas a vacina inativada da poliomielite (VIP - injetável) ou a vacina oral da poliomielite (VOP). A injetável deve ser feita em criança sem histórico vacinal. Com uma ou mais doses de qualquer tipo de vacina contra poliomielite, deve ser feita a dose oral. “É importante levar a caderneta de vacinação para avaliação pelo profissional de saúde e registro da nova dose”, frisa a coordenadora do Programa Estadual de Imunização.
No caso do sarampo, o imunizante é a vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola. “A tríplice deve ser aplicada em todas as crianças com ou sem histórico vacinal, exceto se a última dose tenha sido há menos de 30 dias”, pontua Ana Catarina.
Se a criança tomou a tríplice viral recentemente, a dose da campanha só deve ser feita 30 dias após esta aplicação. No momento da campanha, de acordo com as informações contidas nas cadernetas de vacinação, o profissional do serviço de saúde informará aos pais ou responsáveis da necessidade de reforço dessa vacina.
SARAMPO – Doença infecciosa exantemática aguda, transmissível e extremamente contagiosa, acomete principalmente crianças com até cinco anos de vida, podendo evoluir com complicações e óbito. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias, no período de quatro a seis dias antes do aparecimento do exantema (mancha avermelhada na pele) até quatro dias após.
Entre os sintomas da doença: febre alta, acima de 38,5°C, manchas avermelhadas (exantema) generalizadas pelo corpo, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal, antecedendo ao exantema). As complicações mais comuns são pneumonia, otite, doenças diarreicas e neurológicas.
Para evitar o sarampo, a indicação, é utilizar a vacina tríplice viral, que ainda protege contra a rubéola e a caxumba. Na rotina, a tríplice deve ser aplicada em crianças com 12 meses, com um reforço aos 15 meses com a tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Para crianças acima de 2 anos e jovens e adultos até os 29 anos, não vacinados anteriormente ou que não se lembram, devem ser feitas 2 doses da tríplice viral, com intervalo de 30 dias entre elas. Adultos entre 30 e 49 anos (não imunizados ou que não lembram) devem tomar uma dose da tríplice. Profissionais de saúde não vacinados devem tomar duas doses com a vacina tríplice viral, independente da idade. Essas doses são disponibilizadas durante todo o ano nos postos de vacinação de todos os municípios de PE.
Em Pernambuco, em 2017, 99% das crianças de 1 ano tomaram a primeira dose da vacina tríplice viral. Contudo, apenas 69% fizeram a segunda dose, completando o esquema. A meta mínima para prevenir a circulação da doença é de 95%.
Dados da doença – Em Pernambuco, foram confirmados 199 casos de sarampo em 2013 e 27 em 2014, além de 1 caso importado em 2012. Anteriormente, o último registro tinha sido em 1999, com 240 casos.
Em 2018, o Estado está investigando dois casos prováveis (quadro clínico compatível) para o sarampo. Trata-se de um homem de 27 anos, residente no Recife, com histórico de viagem para Manaus, área onde está circulando o vírus. Segundo relato do paciente, ele teve contato com um caso suspeito para a enfermidade durante a estada na capital do Amazonas. Já no Recife, ele teve contato com sua sobrinha, de 2 anos, que não tem histórico vacinal da tríplice viral. Ambos apresentaram sintomas da doença e estão sendo investigados pelo município do Recife com o apoio do Estado.
Após a notificação dos dois casos, já foi realizada a coleta de sangue de ambos, entre os dias 1º e 2 de agosto, e encaminhadas para o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE). Os resultados, preliminares e não conclusivos, foram sugestivos para a doença. Contudo, de acordo com as normas do Ministério da Saúde (MS), para confirmar os casos é necessário o envio das amostras para realização de novas análises no laboratório nacional de referência, localizado na Fiocruz/RJ. O envio será realizado já nesta segunda-feira (06.08). Todas as ações de vigilância e controle estão sendo realizadas, independente do resultado laboratorial.
Outras três pessoas relacionadas aos pacientes também estão sendo acompanhadas.
POLIOMIELITE – Doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principais características a flacidez muscular, com sensibilidade preservada, e falta de reflexo no segmento atingido. A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar).
As campanhas de vacinação contra a poliomielite começaram no país em 1980. Em Pernambuco, o último caso foi em 1988, enquanto que no Brasil foi no ano seguinte, na Paraíba. A doença permanece endêmica em três países: Nigéria, Afeganistão e Paquistão, com casos confirmados em 2018 apenas nos dois últimos.
O esquema vacinal do Calendário Nacional de Vacinação é composto por três doses da vacina inativada da poliomielite (VIP), administradas aos dois, quatro e seis meses, sendo necessários dois reforços com a vacina oral da poliomielite (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade, além das doses ministradas durante as campanhas.
A meta de cobertura vacinal maior ou igual a 95% deverá ser alcançada em todos os municípios brasileiros, tanto na rotina quanto nas campanhas. Em Pernambuco, em 2017, 82% das crianças foram vacinadas. “As crianças precisam completar o esquema para estarem imunizadas. Os meninos e meninas vacinados com a dose oral ainda produzem o que chamamos de ‘imunidade de rebanho’, já que eles espalham no ambiente o vírus vacinal, o que ajuda numa imunização coletiva”, frisa Ana Catarina.
Dados da doença – Os últimos registros de poliomielite em Pernambuco foram em 1988 (5 casos e 1 óbito). No ano de 1980 o Estado chegou a ter 111 casos, com 13 óbitos.
OUTRAS DOENÇAS PROTEGIDAS PELA VACINA TRÍPLICE VIRAL
RUBÉOLA – Doença exantemática aguda de curso benigno. Sua transmissão ocorre através de contato com as secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas. A transmissão indireta, mesmo sendo pouco frequente, ocorre mediante contato com objetos contaminados com secreções nasofaringeanas, sangue e urina.
O quadro clínico é caracterizado por manchas avermelhadas na pele, iniciando-se na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente para o tronco e membros. Além disso, apresenta febre baixa e linfadenopatia (condição em que os nódulos linfáticos ficam com tamanho, consistência ou número anormais, geralmente inchaço), geralmente antecedendo ao exantema no período de 5 a 10 dias, podendo perdurar por algumas semanas.
A importância epidemiológica da rubéola está relacionada ao risco da doença durante a gestação, o que pode acarretar abortos, natimortos, e malformações congênitas, como cardiopatias, catarata e surdez.
Dados da doença – Os últimos casos de rubéola em Pernambuco foram em 2008 (7 confirmações). Em 2007, foram 51 casos. No ano 2000, foram mais de 1,5 mil.
CAXUMBA – Doença viral aguda caracterizada por febre e aumento das glândulas salivares, podendo ser acompanhada por dor muscular, anorexia, dor de cabeça, mal-estar, dor à mastigação e dificuldade de deglutição. Aproximadamente 1/3 das infecções podem não apresentar aumento, clinicamente aparente, dessas glândulas. O diagnóstico é clínico e não há tratamento específico, indicando-se apenas repouso, analgesia e observação para surgimento de complicações.
Dados – Desde 2015, uma alteração no padrão de circulação da caxumba se apresenta em diferentes regiões do país, observando-se aumento na ocorrência de surtos inicialmente na região Sul e Sudeste e, posteriormente, no Centro-oeste e Nordeste do país. Em Pernambuco, o registro de surtos teve início em 2016. Os surtos significam o surgimento de várias pessoas doentes em uma mesma localidade.
Em 2016, foram notificados 97 surtos, com 855 casos. Em 2017 foram 41 surtos e 467 casos.