sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Em ato com Lula e empresários, Armando defende “Projeto Brasil”

Durante solenidade da CNI, senador eleito diz que “o Brasil pode dobrar renda per capita em 15 anos, mas o tempo político terá que se ajustar, com mais velocidade, às pressões do tempo econômico”

Armando Monteiro, senador eleito por Pernambuco, não tem dúvidas: “É fundamental que o Executivo (governo federal) e o Congresso Nacional respondam ao desafio da melhoria das condições de competitividade da economia brasileira”. Na opinião dele, o país pode crescer a taxas anuais superiores a 5%, dobrando a renda per capita em 15 anos. Mas, para isso, é preciso superar a má qualidade da educação, promover reformas como a tributária, conter os gastos públicos, reduzir a taxa de juros, investir em infraestrutura, na competitividade dos produtos brasileiros e em inovação.

Armando defendeu essas ideias durante solenidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cerca de 1,4 mil convidados, principalmente lideranças empresariais, na qual transmitiu o cargo de presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao mineiro Robson Braga de Andrade. O evento ocorreu em Brasília na noite desta quarta-feira (17). Armando Monteiro comandou a CNI por oito anos, durante dois mandatos, para os quais foi eleito por unanimidade. Robson Andrade, ex-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), sucede o pernambucano numa eleição com chapa única e de forma unânime.

Durante seu discurso de despedida da CNI, o senador eleito Armando Monteiro fez um balanço de suas gestões, mostrando o fortalecimento da entidade nacionalmente, e apresentou o que denominou de “Projeto Brasil”. “Nosso maior desafio é sermos competitivos. E isso é decorrência de um conjunto amplo de iniciativas interdependentes. A nossa agenda da competitividade tem duas dimensões: a agenda da superação dos obstáculos e a agenda do desenvolvimento das competências”, diz ele.

E o que significam essas agendas? Armando explica:
“A agenda dos obstáculos é um compromisso de ruptura com o passado. Está em nossos debates há muito tempo e reclama não apenas a busca de condições isonômicas para a competição, mas também para a conformação de uma sociedade mais justa. Refere-se à má qualidade da educação básica, às disfunções do sistema tributário, ao atual perfil dos gastos públicos, às deficiências da infraestrutura, aos acentuados desníveis regionais, ao insatisfatório padrão de financiamento e à excessiva burocracia”.
 “A agenda das competências é a ponte que nos conduzirá ao futuro. É a que fixará as bases de nossa política industrial e o desenvolvimento das nossas vantagens competitivas dinâmicas. O seu foco está direcionado para a produtividade e a inovação. Entender essa distinção e promover as ações necessárias é fundamental para lançar as bases da construção de um Projeto Brasil”.

Leia abaixo alguns trechos do discurso de Armando Monteiro:

Educação e competitividade
“A educação é o pilar central da competitividade. Nós industriais abraçamos a causa da Educação, numa visão que supera a tradicional abordagem da formação de recursos humanos. Em 2007, a CNI concebeu um programa ousado, o Educação para a Nova Indústria, em sintonia com as novas demandas da indústria nacional. Empreendido pelo SENAI e SESI, objetiva a elevação da escolaridade básica, a educação continuada e a capacitação profissional, com foco nas qualificações exigidas pelos novos processos e estruturas de produção”.

Inovação e estratégia industrial
“No tocante às novas competências, julgamos prioritário inserir a inovação no centro da estratégia industrial. É um imperativo da competição. A inovação determina o crescimento da produtividade e em última instancia condiciona a própria capacidade de sobrevivência das empresas. Foi com esse espírito que, sob a coordenação da CNI, nasceu a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), em 2008, hoje um movimento de grande dimensão, que conta com a presença de importantes líderes empresariais do País, do MCT, MDIC, BNDES, ABDI e principais associações setoriais. Várias iniciativas importantes foram registradas a partir de então, o que nos coloca a real perspectiva de construção de um verdadeiro protagonismo empresarial nessa agenda, que é fundamental para o Brasil”.

Juros altos e futuro
“As taxas de juros altas são um resquício da instabilidade do passado. Falta ao Brasil – para ser uma economia verdadeiramente de classe mundial do ponto de vista macroeconômico – trazê-las para padrões internacionais. Alcançar esse objetivo é um dos nossos desafios e, para isso, precisamos recalibrar a equação macroeconômica atual. A mudança consiste em tornar a política fiscal a principal âncora da estabilidade. O forte ajuste fiscal, produzido pela via da contenção dos gastos correntes, elevará também a capacidade doméstica de poupança e reduzirá a necessidade de poupança externa para financiar um aumento na taxa de investimento. Esse novo arranjo macroeconômico reduzirá os incentivos à valorização do real, sem colocar em risco a estabilidade duramente conquistada. Para o reforço da agenda da competitividade é necessário ainda um conjunto de reformas microeconômicas, que produzam um ambiente de maior eficiência”.

O tamanho da indústria brasileira
“A indústria brasileira pode ter uma dimensão maior que a atual, se lhe forem dadas condições adequadas de competitividade. O Brasil precisa de uma indústria forte, de classe mundial. Não é indiferente ao País ter mais ou menos indústria. O setor tem força transformadora inquestionável. Construímos, pelo esforço de sucessivas gerações, uma plataforma manufatureira importante. Não podemos aceitar passivamente um processo regressivo que implique a inexorável comoditização da nossa economia. Devemos continuar a trabalhar pelo fortalecimento da nossa indústria. A indústria que queremos apontará o país que teremos”.

No Senado Federal
“Ao concluir minha missão nessa Casa, quero reafirmar que – no Senado Federal, minha nova frente de luta – estarei sempre em sintonia com a agenda da indústria. Como sempre afirmei, essa agenda não é meramente corporativa, mas uma dimensão irrecusável da própria agenda do País”.








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