Com o intuito de ampliar a oferta de sementes crioulas de feijão no Agreste Meridional pernambucano, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), vem orientando um grupo de 114 agricultores ligados a Cooperativa dos Produtores da Agricultura Familiar (Coopaf), nos municípios de São João, Jupí e Calçados. A proposta visa trabalhar a multiplicação dessas sementes, a fim de tornar a cooperativa apta a produzir em escala comercial.
Para isso, a cooperativa já deu o primeiro passo. Recentemente, recebeu o certificado do Cadastro Nacional de Entidade Produtora de Semente Crioula. Fator que torna a Coopaf apta a desenvolver as atividades de identificação e cadastro de cultivares locais, tradicionais ou crioulas, conforme norma prevista na Portaria n° 51 do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e no Manual de Crédito Rural 16-10. A próxima etapa é obter o Registro das Cultivares Crioulas, exigido pelo Sistema do Seguro de Agricultura Familiar Executiva da Agricultura Familiar (Seaf), para comercialização dessas sementes.
De acordo com a gerente do Departamento de Negócios Tecnológicos (Dent) do IPA, Luciana Sartori, o Instituto tem orientado a cooperativa neste processo de obtenção do Certificado e na caracterização das cultivares crioulas, trabalho desenvolvido pela pesquisa em parceria com as atividades de assistência técnica. Se a Coopaf seguir corretamente as orientações do IPA, a partir de 2016, já estará pronta para comercializar nos mercados institucionais, como o PAA Sementes.
O extensionista do IPA, Pedro Balensifer, representa o Instituto no Grupo Territorial de Governança (GTG) e destaca que o Agreste Meridional é a maior região produtora de feijão no Estado. Ao todo, onze municípios compõe o Território Produtivo do Feijão nessa região, que é responsável pela geração de emprego e renda dos produtores locais. Além viabilizar o resgate da biodiversidade, em relação ao processo atual da agricultura moderna, a produção de sementes crioulas dispõe de grande potencial para o desenvolvimento de variedades adaptadas a sistemas de produção com baixa utilização de insumos e de recursos naturais, explicou Balensifer.
As sementes denominadas crioulas são variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou indígenas. A conservação delas faz parte de uma campanha mundial de soberania dos povos quanto à posse de suas sementes, como estratégia de segurança nacional. Os bancos de sementes são uma importante estratégia para que os agricultores tenham acesso a estas cultivares.
A ação está sendo coordenada pelas pesquisadoras Luciana Sartori e Regina da Rosa, pelo supervisor de produtos vegetais Waldemar Araújo, e pelos extensionistas Pedro Balensifer, Joseval Silva e Josias Calado. Participaram também do encontro representantes SEAF, UFRPE, Sebrae e Prorural.
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