quarta-feira, 14 de março de 2012

Pernambuco recebe reforço federal para combater o crack

O combate ao crack em Pernambuco ganhou um importante aliado. Quase dois anos após o lançamento do plano estadual de enfrentamento à droga, o estado é o primeiro do Brasil a assinar o termo de adesão ao programa Crack, é possível vencer, do Governo Federal.

A iniciativa vai destinar R$ 4 bilhões para ações de prevenção, cuidado e autoridade em várias cidades brasileiras nos próximos três anos. Na capital pernambucana serão investidos R$ 85 milhões. Os recursos vão se somar aos cerca de R$ 55 milhões previstos para serem aplicados pelo Estado de maio de 2010 até 2014 no combate ao consumo da pedra, que virou uma verdadeira epidemia no País.

O convênio entre prefeitura, Estado e União foi assinado hoje (14/03) em solenidade no Palácio do Campo das Princesas. O governador Eduardo Campos recebeu os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Saúde, Alexandre Padilha; a secretária nacional de Assistência Social, Denise Colin; além do prefeito do Recife, João da Costa, e vários outros gestores municipais.

Ao discursar, Eduardo afirmou que “o crack tem pressa e não aceita a burocracia do velho Estado”. “Uma coisa é ver a degradação (das pessoas) através de uma apresentação de Power Point, sentado no gabinete, de paletó e gravata. A outra é à vera, você e um jovem de 16 anos dependente da famigerada droga”, alertou, exaltando o trabalho das equipes de aproximação do Governo do Estado.

Em junho do ano passado, o governador viajou para Brasília onde apresentou as ações do Plano de Ações Sociais Integradas de Enfrentamento ao Crack de Pernambuco que nortearam a concepção do programa nacional lançado hoje.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lembrou o pioneirismo de Pernambuco no enfrentamento ao crack e destacou o “excelente” trabalho feito pelo Governo do Estado. “Pernambuco tem um governador com vontade política e que está conseguindo êxitos impressionantes e invejáveis na redução continuada dos índices de violência”, disse, fazendo referência ao Pacto pela Vida.

Para ampliar os serviços de saúde já oferecidos pelo Estado aos dependentes, a União repassará R$ 74 milhões até 2014 ao Tesouro Estadual. O dinheiro vai possibilitar a abertura de 20 novos leitos de enfermarias especializados que vão se somar aos 80 que já funcionam na capital e no interior. Um novo Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPs) 24h será inaugurado no Centro do Recife e outras três unidades já existentes (Santo Amaro, Cordeiro e Tamarineira) passarão a atender em horário integral nos sete dias da semana.

Além disso, os Centros de Referência para Pessoas em Situação de Rua, os chamados consultórios de rua, vão dobrar o número de atendimentos. “Cerca de 80% dos moradores de rua possuem alguma dependência química”, informou João da Costa. No Recife desde ontem, o ministro Padilha pôde conhecer in loco o trabalho de aproximação feito pelos profissionais de assistência social. “Essas pessoas ajudam a reconstruir projetos de vida e valores familiares”, disse.
Em relação às ações de segurança pública, os governos estadual, municipal e federal intensificarão as operações do serviço de inteligência na investigação de pontos de tráfico e no desmantelamento das organizações criminosas. Três bases móveis de controle de videomonitoramento, com 20 câmeras fixas cada, farão parte do QG montado nos pontos de maior incidência de uso da droga na cidade.  Novos veículos e 200 armas letais também estarão à disposição dos 40 profissionais que atuarão nas estruturas móveis. O total de investimentos é de R$ 5,5 milhões.

Em números, Eduardo mostrou que Pernambuco está tratando de “fechar as torneiras” do tráfico. “Em 2010, pegamos nas nossas fronteiras 450 mil kg da pasta-base de cocaína (matéria-prima do crack) e no ano passado fechamos com 2.219 mil kg, um crescimento de 398% nas apreensões da droga”, informou. “As organizações criminosas não podem ser tratadas de maneira romântica, mas com postura firme”, disse Cardozo: “Aos traficantes a cadeia, aos dependentes o tratamento e à sociedade a proteção”, cravou o ministro.

No campo da prevenção, a expectativa é formar mais de 20 mil pessoas entre educadores, operadores diretos e lideranças comunitárias e religiosas. O cronograma de cursos será divulgado em breve.

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