Responsável por 70% de todo o PIB rural de Pernambuco e por sete em cada 10 empregos gerados no campo, a agricultura familiar ganhou uma estrutura exclusiva dentro do novo organograma do Governo do Estado. O governador Eduardo Campos anunciou hoje (24) o engenheiro agrônomo e mestre em Administração Rural pela UFRPE, José Aldo dos Santos, 45, como o titular da Secretaria-executiva de Agricultura Familiar.
A criação da nova pasta e a escolha de José Aldo agradaram em cheio aos movimentos sociais. “Essa nova organização é uma sinalização clara, objetiva e satisfatória aos nossos pleitos”, cravou Almir Xavier, membro da direção estadual do Movimento Sem Terra. Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros também reconheceu o avanço do diálogo entre o Governo e os movimentos sociais. “É um passo importante para consolidar a agricultura no campo e a interiorização do desenvolvimento passa por esse fortalecimento”, pontuou.
Natural de Altinho, no Agreste pernambucano, José Aldo já coordenou o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá e foi membro da coordenação da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Ele exercia o cargo de diretor de Articulação do Semiárido Pernambucano (ASA-PE) até a última sexta-feira, quando foi convidado para nova missão. ”As políticas estavam fragmentadas em várias secretarias, vamos agora dar uma unidade nas ações e, assim, fortalecê-las”, explicou o novo secretário, que desde 1989 é ligado a movimentos sociais da causa agrária.
“Aldo vai nos ajudar a ter uma política com foco e direcionada para quem vive nas pequenas propriedades com tantos desafios no acesso ao conhecimento, à água, à educação e à saúde. Com certeza essas políticas públicas vão ser ajudadas com a criação da secretaria”, explicou o governador.
Ao discursar, Eduardo afirmou ainda que a nova estrutura representa “um contorno da luta do povo que tem a marca do nosso campo político” e lembrou que há 47 anos o seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, reuniu de forma pioneira, naquele mesmo salão do Palácio do Campo das Princesas, usineiros e trabalhadores da indústria canavieira de Pernambuco para uma rodada de negociações. O “Acordo do Campo” garantiu alguns direitos aos safristas como o recebimento de um salário mínimo, por exemplo.
A cerimônia de anúncio da nova secretaria trouxe a Pernambuco o secretário executivo de Desenvolvimento Territorial do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Humberto Oliveira. O estado passa a ser o terceiro a contar com uma secretaria própria para as questões do pequeno produtor rural. Antes, apenas a Bahia e o Ceará possuíam pastas semelhantes.
A nova pasta está vinculada à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária e dividida em três gerências: Desenvolvimento Territorial, Produção Rural e Comercialização e Assistência Técnica. O orçamento de R$ 10 milhões será utilizado prioritariamente como contrapartida para projetos e convênios com o Governo Federal.
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