Em reunião que terminou nesta madrugada, Partido Trabalhista Brasileiro decidiu não entregar cargos no governo e adiar para setembro decisão sobre união com o oposicionista Democratas. Ontem, o DEM encaminhou a fusão imediata entre as legendas
Horas após a cúpula do oposicionista DEM aprovar o encaminhamento da fusão com o governista PTB, a executiva nacional do Partido Trabalhista Brasileira rejeitou a união imediata das duas siglas. Por maioria, a direção do PTB decidiu consultar as bases até setembro e manter os cargos que ocupa no governo, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O resultado da reunião, que se estendeu da tarde dessa terça até a madrugada desta quarta-feira (8), representa um constrangimento para o Democratas e uma derrota para os presidentes das duas legendas, o senador José Agripino Maia (DEM-RN) e a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), articuladores da fusão. Cristiane é filha do ex-presidente do PTB Roberto Jefferson, inimigo declarado do PT que cumpre pena do mensalão. Ontem, o DEM avalizou, por 21 votos a quatro, a unificação imediata.
Entre os petebistas, a rejeição foi articulada pelo líder da bancada na Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO), que apoia o governo Dilma e se posiciona contra a entrega dos cargos ocupados pelo partido e a passagem da legenda para a oposição. O ministro Armando Monteiro Neto ameaça trocar o PTB pelo PDT caso a mudança seja concretizada.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), comemorou a posição do PTB. “Vexame. O PTB deu lição de coerência ao DEM. E com 25 votos (o número do nosso partido). De uma bancada de 26 deputados e três senadores. Eu disse ontem que essa fusão era um erro. Precisou o PTB governista dar uma chacoalhada no DEM oposicionista e cobrar coerência”, escreveu o senador em seu perfil no Twitter. “Que constrangimento a nossa Executiva impôs ao DEM. Rejeitado pelo PTB governista”, acrescentou.
Caiado ameaça deixar o DEM caso a fusão seja aprovada: “Não dá pra eu participar e conviver com essa fusão”, afirmou ontem, após a decisão da executiva do Democratas. Adversário local do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, o senador goiano disse que era preciso reconhecer que o petebista tinha razão ao chamar de absurda a união entre as duas legendas. Em entrevista à Rádio 730, de Goiânia, Jovair disse que a fusão seria uma espécie de aliança entre o ex-presidente Getúlio Vargas, patrono do trabalhismo no Brasil, e seu principal adversário, o ex-governador Carlos Lacerda. “Não posso deixar de concordar com o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, quando diz que essa fusão não tem pé nem cabeça. Juntar PTB com Democratas seria como juntar Getúlio Vargas com Carlos Lacerda, o maior antagonismo da história política brasileira”, afirmou Caiado, em nota divulgada nesta quarta.
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