O Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) realizará trocas de sementes crioulas, durante o evento Diálogos de Conhecimentos sobre Agroecologia, que acontece de 22 a 24 de setembro, na UFRPE. As sementes denominadas crioulas são variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou indígenas. A conservação delas faz parte de uma campanha mundial de soberania dos povos quanto à posse de suas sementes, como estratégia de segurança alimentar.
A permuta visa disseminar a espécies em fase de desaparecimento e, dessa forma, preservar as raízes históricas dos povos pernambucanos. “Muitas foram passadas de geração em geração, mas foram substituídas pelas transgênicas ou geneticamente modificadas”, explica o extensionista do IPA, Pedro Balensifer. O Instituto mantém um Banco de Sementes Crioulas, no Agreste Meridional.
Além desse trabalho, o IPA desenvolve outras ações nessa área, tal como o projeto com o Povo Xukuru de Ororubá,em Pesqueira. Essa iniciativa busca valorizar a agricultura indígena, restabelecendo procedimentos e práticas produtivas baseadas em conhecimentos ancestrais, além de resgatar sementes tradicionais, estimulando a troca e cultivo das mesmas.
DEBATE - O evento Diálogos de Conhecimentos sobre Agroecologia reunirá três iniciativas convergentes que contribuem para o fortalecimento do campo agroecológico em Pernambuco: II Seminário Internacional de Agroecologia, o III Seminário de Agroecologia de Pernambuco e a II Jornada dos Povos de Pernambuco.
A ação contará com dois eixos principais em sua realização. O primeiro destaca os impactos e conflitos gerados pelo agronegócio e pelos projetos que ameaçam a terra, a água, o território e a soberania alimentar das comunidades e povos tradicionais e movimentos sociais em Pernambuco. O segundo eixo aborda as resistências e proposições para o fortalecimento do campo agroecológico.
No evento serão utilizadas metodologias participativas para favorecer o diálogo entre os conhecimentos popular e acadêmico, o intercâmbio de experiências e a formulação de políticas públicas. Serão montadas Mesas Redondas, Palestras, Instalações Pedagógicas, Rodas de Diálogos e Plenárias, que contarão com a participação de povos indígenas, povos de terreiros, comunidades quilombolas, pescadores artesanais, acampados, assentados de reforma agrária, povos ciganos, jovens rurais, atingidos por barragem, além de pesquisadores, professores, técnicos e estudantes.
“Essa iniciativa é de grande importância, uma vez que reúne a comunidade científica, extensionistas, agricultores e povos pernambucanos, apresentando a agroecologia como proposta de produção e relação com o Meio Ambiente”, declara Maria Emília Barros, extensionista e coordenadora da participação do IPA no evento.
Emília destaca que técnicos do IPA terão um artigo publicado no livro resumo sobre os Anais do Seminário, que será lançado durante o evento. O capítulo apresenta a história do processo de transição agroecológica no instituto. Além disso, quatro trabalhos desenvolvidos pelos extensionistas do IPA foram selecionados para serem apresentados, entre os mais de 300 avaliados pela comissão técnico científica do evento.
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