Evento trouxe várias visões do problema que atinge com intensidade o setor bancário
A semana de combate ao assédio moral do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco foi finalizada nesta quarta-feira (13) com ato público. Representantes do MPT, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Justiça do Trabalho, da Universidade Federal de Pernambuco, de sindicatos patronal e de trabalhador se juntaram para discutir as questões ligadas ao setor bancário. O evento, realizado no auditório do MTE, também contou com a participação do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil e Bradesco. Ao todo, cerca de 50 pessoas estiveram presentes.
O ato público, organizado pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), teve como um dos objetivos lançar para toda a sociedade a cartilha “Assédio moral em estabelecimentos bancários”. A publicação divulga conceitos e exemplos que buscam esclarecer aos bancários e à sociedade em geral sobre as questões relacionadas ao assédio moral no meio ambiente de trabalho. O material foi distribuído ao público e está disponível na internet.
Participaram como palestrantes no evento Fábio André de Farias (desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região), Fátima Lucena (professora da Universidade Federal de Pernambuco), Felícia Mendonça (auditora fiscal do Trabalho), Jaqueline Maria Fonseca Mello (presidente do Sindicato dos Bancários) e Melícia Carvalho Mesel (procuradora do Trabalho).
Na sua fala a procuradora do Trabalho Lorena Bravo, membro da Coordigualdade ao lado de Melícia, destacou a importância de se colocar luz no tema sobre várias visões que recaem sobre o problema. “A múltiplas percepções do problema possibilita que possamos atuar, cada uma na sua esfera, com mais propriedade, possibilitando a construção de ambiente de trabalho seguros e saudáveis”, disse.
Palestras
Na abertura da série de palestras, Melícia ressaltou a importância de se resistir ao assédio moral. “Os laços de solidariedade são essenciais dentro da empresa. Se a agressão ocorre uma vez, mas se coloca limite e aquilo não passa de um mal entendido tudo segue e não chegamos a caracterização do assédio moral”, afirmou.
Na sequência, a presidente do sindicato da categoria, Jaqueline Mello, falou como tem sido as lutas travadas pela categoria. Destacou o papel das convenções coletivas, para se conseguir avanços, como, por exemplo, o caso do não envio de mensagens funcionais para os celulares dos funcionários. Jaqueline ainda pediu aos órgãos públicos presentes a construção de um fórum permanente para tratar do assunto.
A professora da Universidade Federal de Pernambuco Fátima Lucena trouxe a contribuição de como os fatores da competitividade e da lucratividade, alicerces da lógica capitalista, têm causado dano à saúde do trabalhador, inclusive a daquele que trabalha no setor bancário. “Aqui [neste cenário] ainda temos um exemplo claro da mistificação das relações de trabalho, quando colocamos um empregado como colaborador, o que, de fato, não é”, pontuou a professora.
No quarto momento, o desembargador do Trabalho, representando o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Fábio Farias, ressaltou que a maioria dos casos de assédio são silenciosos, nem sempre sendo fácil encontrar o ponto em que a pratica do assédio acontece ou é institucionalizada.
Finalizando, a auditora do Trabalho Felícia Mendonça explicou aquilo que chamou de lógica perversa dentro do setor bancário. Ela aconteceria, por exemplo, quando o bancário tenta vender produtos para pessoas que são sabidamente incapazes de pagar por eles. “O trabalhador sabe o que está fazendo: gerando lucro para o banco, mas prejudicando o cidadão. É claro que isso gera mal estar no trabalhador, que faz isso dezenas de vezes ao dia”, concluiu.
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