O governador Eduardo Campos abriu as portas do Palácio do Campo das Princesas na tarde desta quarta-feira (04/01) para dar as boas-vindas ao padre Vito Miracapillo, 67. O clérigo volta a Pernambuco após 31 anos de exílio na Itália, onde foi morar depois de ter sido expulso do Brasil pela ditadura militar.
A conversa no gabinete do governador durou cerca de uma hora. “O senhor pagou o preço das condições políticas que defendemos. Nós guardamos os mesmo valores democráticos”, disse-lhe Eduardo. “Estamos muito felizes em poder recebê-lo. Sua história e sua coragem servirão de referência para a nova geração”, completou.
Na próxima segunda-feira (09), o Padre Vito vai à Polícia Federal para dar entrada em sua documentação de residência permanente no país, desta vez já como cidadão brasileiro. “Estou em casa. Mesmo quando estive fisicamente distante do Brasil, nunca tirei o povo do meu coração”, disse o religioso. “Foram 31 anos e 18 dias longe daqui, eu não aguentava mais ficar longe desse povo que amo”, completou. Miracapillo presenteou o governador com uma pequena imagem de Nossa Senhora de Medugorje, feita em acrílico.
Advogado do caso, o ex-deputado estadual Pedro Eurico agradeceu o empenho de Eduardo em trazer o clérigo de volta. “O governador foi uma peça importante na construção dessa nova história na vida do Padre Vito. O processo ficou arquivado de 1993 até o ano passado. Foram 18 anos sem ninguém fazer nada até que o governador interviu junto ao Ministério da Justiça”, lembrou.
O religioso italiano desembarcou no Recife ontem à noite, por volta das 22h30 e foi recebido por dezenas de fiéis e companheiros do passado. Ele foi expulso do país em outubro de 1980, após se recusar a celebrar uma missa em comemoração ao 7 de Setembro na cidade de Ribeirão, na Mata Sul pernambucana. A expulsão foi requerida pelo então deputado estadual Severino Cavalcanti, hoje prefeito do município de João Alfredo, e assinada pelo então presidente João Baptista Figueredo.
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