Vestidos, saias, blusas e até acessórios de cabelo confeccionados em
frivolité – renda que utiliza técnica francesa -, atraíram as atenções e
conquistaram aplausos do público que prestigiou o desfile da Associação Comunitária
das Artesãs de Orobó, na quinta-feira (11), na 14ª Feira Nacional de Negócios
do Artesanato – Feneart. O evento
aconteceu no mezanino do pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda.
Foram apresentadas 15 produções, que mesclaram tons de branco, vermelho,
verde, amarelo e preto. Algumas peças receberam aplicações e outras foram bordadas
por inteiro com o frivolité. De acordo com Josefa Pedrosa de Oliveira, 47 anos,
da Associação das Artesãs de Orobó, foram três longos meses desenvolvendo os
itens que circularam na passarela Feneart deste ano.
“A gente passou esse tempo pensando nos modelos. Recebemos a ajuda de
uma design e começamos a confeccionar todas as roupas”, explicou Zefinha, como
é conhecida, destacando que a roupa mais demorada levou seis meses para ficar
pronta e necessitou do trabalho conjunto de duas artesãs. “O frivolité é feito
com paciência, dando nós com uma navette. Se errar tem que cortar a linha e
começar de novo”, disse.
Zefinha lembra que foi a partir do incentivo da Secretaria de
Agricultura e Reforma Agrária – SARA, por meio do Programa de Apoio ao Pequeno
Produtor Rural – PRORUAL, em 2009, que a atividade da Associação ganhou
visibilidade. “Com o apoio do Prorural, ganhamos uma marca, chamada ‘Nós e
Picôs’ e participamos de uma capacitação de moda e modelagem. Depois disso
aprendemos a fazer roupas mais bonitas”, contou.
Para o Secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Aldo Santos, o
artesanato reflete as características de cada localidade. “Percebemos que o
artesanato é exercido em circunstâncias e interesses diversos. Mas todo o
trabalho do artesão possibilita a produção sustentável, já que utiliza matérias
do campo, e isso precisa ser cada vez mais estimulado, porque gera alternativas
de renda para as comunidades rurais”, observou o secretário.
Segundo a artesã, antes do auxílio do governo Estadual, integravam a Associação
apenas 23 mulheres, que tinham o frivolité como um passa tempo. Atualmente,
esse número cresceu para 70 e o que era um hobby,
virou a principal fonte de renda. “hoje inverteu, a gente que é agricultora
nunca deixa de criar um bichinho ou plantar alguma coisa, mas o frivolité virou
nossa principal ocupação”, revelou.
Orobó é o único município de Pernambuco que preservou a tradição dos
bordados em frivolité. A rendeira, Rosa Antônia Pereira de 76 anos, mãe de
Zefinha, aprendeu a arte com freiras francesas que lecionavam na cidade de
Surubim. Ela repassou a técnica para as filhas, netas e amigas, que também
fazem parte da Associação Comunitária das Artesãs de Orobó.
Um comentário:
Parabéns pelo artigo e pela valorização da renda Frivolité. Sou pesquisador de rendas artesanais no Brasil. Gostaria, Túllyio, se possível, obter endereço e contato da Associação Comunitária de Artesãs de Orobó. Um forte abraço,
Jorge Amaral
professor e museólogo
amaraljorgester@gmail.com
21/99732~2248
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