quarta-feira, 19 de março de 2014

Agentes Federais vão distribuir pizzas em protesto contra os contadores de histórias do governo federal

Sindicatos vão realizar a vistoria sindical dos aeroportos e avaliar as condições de trabalho dos policiais federais
 
Nesta quinta-feira (20) será comemorado o dia universal dos contadores de histórias, tipo de festejo nostálgico e encantador. Mas o que fazer quando os governantes também se transformam em péssimos contadores de histórias? Para marcar a data, os policiais federais farão mobilizações nos aeroportos de todo o país, inclusive no aeroporto Internacional do Recife onde a categoria irá distribuir pizzas, usar nariz de palhaço e realizar, pela primeira vez na história da PF, a vistoria sindical do terminal aéreo a fim de avaliar a segurança e as condições de trabalho dos policiais federais. A mobilização acontece às 09h, onde agentes, escrivães e papiloscopistas também farão caminhada por todo o terminal aéreo, vestindo camisas pretas com o alerta: "SOS POLÍCIA FEDERAL". 
O objetivo do movimento é protestar contra os contos, lendas e fábulas, que são contadas aos cidadãos, como forma de esconder a péssima gestão dos recursos públicos e a corrupção. Enquanto são gastos bilhões em estádios e propagandas estatais, auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) têm alertado para as fragilidades dos aeroportos brasileiros nos últimos dez anos. Por isso serão checados vários itens relacionados à estrutura de segurança, recursos humanos e equipamentos, assim como o cumprimento dos protocolos de segurança no embarque e desembarque de pessoas e mercadorias. Os resultados da inspeção sindical vão compor um relatório que será divulgado para a imprensa de cada estado na próxima semana, em coletivas que serão agendadas pelos sindicatos locais.
Os agentes federais denunciam vários problemas graves. Entre eles um boicote do Governo Federal depois das investigações do Mensalão, pois essa época deu início a um congelamento salarial que completa cinco anos, sem o reconhecimento legal das atribuições de nível superior exercidas desde 1996. O resultado é que, segundo dados oficiais, dez agentes federais abandonam a profissão a cada mês, fugindo de uma carreira sucateada pelo Governo Dilma. E como consequência, funções de fiscalização e policiamento têm sido terceirizadas ilegalmente, para pessoas sem capacitação profissional adequada.
Segundo José Carlos Nedel, diretor de estratégia sindical, “hoje vivemos um risco maior de terrorismo e crimes transnacionais no Brasil, devido ao descaso do Governo com a Polícia Federal, órgão que possui a missão constitucional de policiamento dos aeroportos e fronteiras”.
“Em pleno século XXI, o país possui aeroportos brasileiros sem nenhum policial federal, onde não são cumpridos os protocolos de policiamento aeroportuário. E aeronaves saem desses aeroportos e pousam nos aeroportos internacionais. Um absurdo!”, completa Jones Borges Leal, presidente da federação.
Outro problema pontual enfrentado pela categoria é a retaliação. A Federação Nacional dos Policiais Federais acatou, mas considerou injusta a decisão do ministro Gilmar Mendes, que autorizou o corte o ponto dos policiais grevistas. Segundo a entidade, é um absurdo equiparar servidores públicos civis a militares, se a greve da PF sempre promoveu atos cívicos com cidadãos desarmados, em cumprimento à lei da greve.
Na opinião de Adair Ferreira, diretor jurídico da federação, "em toda a história das greves no serviço público, sempre ocorreu o corte de ponto, que é utilizado como ameaça e retaliação do governo. Mas a greve atual é legal e excepcional, e os policiais sabem que o movimento é justo e depende da participação de cada um. Afinal, são servidores que sofrem um congelamento salarial de cinco anos, e quem desobedece a Constituição Federal é o próprio governo".

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