Otimista com o forte crescimento da economia nacional, mas preocupado com o ritmo lento observado na melhoria das condições de vida dos brasileiros, o senador Armando Monteiro defendeu que o Congresso Nacional coloque em pauta imediatamente um profundo debate sobre políticas públicas para a área social. Dados do censo de 2010, divulgados recentemente pelo IBGE, mostram que o crescimento econômico dos últimos anos, associado a programas como o Bolsa Família, proporcionou maior distribuição de renda e aumento do consumo. Porém, não houve necessariamente melhoria na qualidade de vida da população.
“Isso fica evidente quando se avalia os resultados sob a ótica das condições básicas de infraestrutura, especialmente saneamento, educação e saúde à disposição das pessoas”, frisou Armando Monteiro, durante pronunciamento no plenário do Senado. Muitos dos problemas nessas áreas são antigos e a correção deles depende de enorme esforço políticos. “Há um passivo de séculos de falta de instrução e temos aí uma excelente oportunidade para nossas lideranças no Senado acolherem, de forma produtiva, esse debate”, destacou o senador, enfatizando que a oposição e governo devem trabalhar de forma isenta de paixões.
“Temos a chance de acelerar o crescimento. Mas os dados do Censo indicam que vai encurtar o tempo disponível para isso. A população tende a estagnar por volta de 2040. O País despenderá menos então em novas escolas e infraestruturas voltadas ao atendimento da infância, mas terá que se dedicar mais aos idosos e às aposentadorias pagas por mais tempo e à saúde”, ressaltou.
Por essa razão, o senador destacou que é preciso acelerar o passo para fazer bom proveito desse “hiato demográfico favorável”. Segundo ele, os problemas são muitos: um sexto dos jovens entre 15 e 17 anos não está na escola, a velocidade da expansão da rede de esgoto diminuiu na década que passou, o número de mortes violentas de homens jovens (20 a 24 anos) é o quádruplo do registrado entre mulheres, entre outros indicadores, que evidenciam enorme custo humano e desperdício de recursos e de potencial de desenvolvimento.
“Reverter esse quadro exige disciplina, competência e uma certa dose de ousadia, explorando novos ângulos e tendo olhar mais focado e estratégico para velhos dilemas. Diria que devemos iniciar uma verdadeira revolução para o enfrentamento da agenda social”, afirmou.
“Houve inquestionável aumento da população idosa e aposentada, processo que traz em seu bojo a elevação dos custos privados e públicos da assistência, enquanto se reduz um fator de produção – o trabalho”, avaliou o senador, considerando a transformação demográfica do Brasil uma equação de questão social e econômica muito complexa.
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