quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Senador questiona política industrial brasileira

Senador participa de audiência pública com a presença do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e alerta sobre o acirramento da competição que a indústria brasileira vem sofrendo em escala global

Brasília - Apesar da confiança no crescimento da economia brasileira demonstrada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, durante audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, o senador Armando Monteiro apontou a urgente necessidade de priorizar a agenda pró-competitividade.

A audiência pública teve como objetivo discutir as medidas do Plano Brasil Maior e o papel do BNDES na agenda para o desenvolvimento econômico do país, sendo convocada por vários senadores, inclusive, Armando Monteiro.

Para o parlamentar, a imensa pressão que a indústria brasileira vem passando é reflexo do desequilíbrio do ambiente macroeconômico. “No ambiente macroeconômico, ainda, há dificuldades, na medida em que dois preços fundamentais para a permanência do crescimento econômico do país, juro e câmbio, encontram-se fora do lugar”, comentou.

Segundo o senador, a elevada taxa de juro e o câmbio apreciado são os principais vilões da competição da indústria. “A nossa taxa de juro é uma imensa desvantagem do ponto de vista da competição. Já o efeito da taxa de câmbio que elevou o valor da nossa moeda é outro fator preocupante”, afirmou.

Além desse desequilíbrio na macroeconomia, outros fatores afetam diretamente a competitividade industrial brasileira – a complexidade do sistema tributário, a precariedade da infraestrutura e a logística brasileira – e fazem com que o país perca vantagens perante o mercado internacional. “Na área industrial, por exemplo, o Brasil está entre os cinco países com o maior custo de energia”, frisou.

Outro dado preocupante apontado pelo senador é a diferença entre o crescimento da produtividade na indústria e o aumento real dos salários dos trabalhadores. Armando avalia que para o Brasil é muito importante e positivo que os salários dos trabalhadores aumentem. Mas a produtividade precisa crescer no mesmo ritmo. “O aumento do salário real tem se dado a taxas superiores ao crescimento da produtividade do país, que vem crescendo em níveis bem mais modestos se comparado a países que competem conosco com China, Índia e Coréia”, disse Armando Monteiro, que apresentou dados de um estudo sobre a produtividade no país.

Neste estudo, o trabalhador brasileiro produz um terço do que o trabalhador coreano, um quinto do que o americano, e produz metade do que um trabalhador argentino.Diante desse cenário desafiador, que coloca o Brasil em sérias desvantagens, a solução questionada pelo senador ao presidente do BNDES, está voltada para a definição de uma estratégia de médio e longo prazo que impeça um processo regressivo, o que ele intitulou de “processo de desmonte da indústria nacional”.
Em resposta, o presidente do BNDES reconheceu a necessidade de corrigir o “desalinhamento” do juro e do câmbio. Luciano Coutinho, porém, foi bastante afirmativo ao dizer que esse é um dos objetivos do governo da presidente Dilma e que medidas para viabilizar a redução da taxa de juros no Brasil estão em curso.

Para Coutinho, o governo também tem uma grande tarefa pela frente no sentido de melhorar a competitividade sistêmica da economia. “A questão do alto custo da energia elétrica é relevante e precisa ser repensada. A produtividade do trabalho no Brasil é outro aspecto fundamental. Nossa produtividade precisa subir, pois é a única maneira de conciliar a manutenção de salários reais que estão em saudável processo de crescimento, porque tem ampliado o mercado interno e porque dessa forma chegamos a taxas de desemprego muito baixas” ressaltou Coutinho.

Para tanto o presidente do BNDES aposta na ampliação dos programas de requalificação dos trabalhadores e de gestão da indústria. “A produtividade daqui pra frente deve subir de forma muito mais firme. Acredito que tanto o programa de requalificação dos trabalhadores, quanto o programa de reequipamento da indústria, o programa de avanço na gestão da estrutura empresarial, principalmente, para as empresas de médio e pequeno porte é essencial para uma consistente subida do nível de produtividade da indústria brasileira. Essa é uma altíssima prioridade para todos nós para assegurar o desenvolvimento do país”, afirmou.

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