Até março deste ano, o agricultor Marcelo Nogueira não sabia que usar esterco de animais como adubo era um impedimento para o desenvolvimento dos vegetais cultivados em sua pequena lavoura. Depois de participar de oficinas do Projeto de Integração do Rio São Francisco – executado pelo Ministério da Integração Nacional –, o morador da comunidade quilombola Pedra Branca, situada em Mirandiba (PE), descobriu que o material orgânico dos animais acumulava alto grau de ureia. A substância é inibidora da produção agrícola. Durante as aulas, aprendeu a preparar um biofertilizante mais eficiente e saudável para os vegetais que planta.
A descoberta de Marcelo mostra parte da importância dos programas socioambientais realizados, desde o ano passado, nas remotas comunidades quilombolas localizadas em áreas de influência das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco. A iniciativa levou biólogos, agrônomos e outros técnicos para doze quilombos, a fim de atualizar as técnicas de produção rural e ensinar os moradores sobre a melhor convivência com o clima do semiárido.
Um dos principais aprendizados dos quilombolas foi a subsistência por meio de culturas típicas do sertão. Marcelo, por exemplo, aprendeu a produzir feno e reduziu os custos com a alimentação de animais. O quilombola adotou também o cultivo do maracujá nativo e do umbu para o processamento de doces e outros produtos. “Antes a gente só plantava o milho e o feijão, que geram mais trabalho e mais gastos com mão de obra. No final, nem dava lucro. O umbu é mais fácil de produzir porque cresce naturalmente e é só colher direto do pé, fazer o doce e vender”, conta o agricultor.
Empreendedorismo - Além do estímulo ao cultivo de espécies mais adequadas para a região, o Projeto de Integração do Rio São Francisco promove palestras de associativismo e empreendedorismo, com o objetivo de possibilitar aos pequenos produtores quilombolas melhores condições para competir no mercado e obter financiamentos. "Após as oficinas, os participantes têm superado nossas expectativas. Além de produzirem e aumentarem a renda familiar com os seus produtos, estão trocando informações e experiências entre si, fortalecendo as comunidades e buscando o maior desenvolvimento das atividades aprendidas” destaca Juliana dos Santos, psicóloga que atua no Projeto.
Compensação ambiental - As ações para o desenvolvimento das comunidades quilombolas integram as 38 estratégias ambientais desenvolvidas pelo Ministério da Integração Nacional com vistas à minimização, à compensação e ao controle dos impactos ambientais provocados pela implantação e operação do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Ao todo, os recursos para a compensação ambiental somam cerca de R$ 1 bilhão e vão trazer benefícios econômicos, sociais, científicos e ecológicos para as localidades da área de abrangência do empreendimento.
O Projeto é a maior obra de infraestrutura hídrica do governo federal, com quase seis mil profissionais envolvidos e cerca de R$ 8,2 milhões de orçamento previsto. O objetivo principal da intervenção é levar água para 12 milhões de habitantes, de 390 cidades localizadas nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
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