Com uma vasta programação em comemoração à II Semana da Anistia,
coordenada pelo Promotor de Justiça Westei Conde e o sociólogo Edval
Cajá, o Ministério Público de Pernambuco, sob a presidência do
Procurador-Geral Aguinaldo Fenelon, realizou recentemente, na sede no
Centro de Direitos Humanos do MP de Pernambuco, situado à rua Visconde
de Suassuna, Recife, evento em homenagem a vultos históricos atingidos
pela Ditadura Militar de 64, dentre eles, Miguel Arraes, Abelardo da
Hora, Francisco Julião, Agassiz Almeida, Clodomir Moraes, Paulo
Cavalcanti e Edval Cajá.
Norteado num projeto de preservação da
Memória e Verdade históricas, foi aposta placa com nomes de
revolucionários que resistiram à Ditadura Militar, na sede dos Direitos
Humanos do Ministério Público de Pernambuco.
Abrindo a sessão
comemorativa, usaram da palavra o Procurador-Geral Aguinaldo Fenelon e o
Promotor de Justiça Westei Conde que ressaltaram o papel do Ministério
Público na salvaguarda dos direitos humanos, especialmente na
dignificação daqueles que com destemor defenderam a democracia e as
liberdades. Westei Conde destacou: - Nesta hora, o Ministério Público
marca a sua posição reconhecendo a verdade histórica dos que lutaram
pelos direitos humanos, com a aposição desta placa.
O ex-deputado
Clodomir Moraes acentuou: - Convocado pelos meus companheiros, vim dos
sertões da Bahia onde resido e me dedico ao estudo e pesquisas do
sombrio período da Ditadura Militar que sufocou o povo brasileiro por 21
anos. O que nos legou o militarismo? Um rastro de sangue, ódio e
atraso.
Visivelmente emocionado, Abelardo da Hora assim se
expressou: - Procuro na arte da escultura em que trabalho olhar o ser
humano como um cidadão de direitos. Os militares da ditadura fizeram do
homem um animal.
Edval Cajá, este sentinela das lutas
democráticas, assim falou: - O que nos move no curso dos tempos é que os
verdadeiros culpados sejam arrastados às barras da justiça. Não temos
ódio. Buscamos a verdade histórica.
Agassiz Almeida, num
inflamado discurso, ressaltou: - Há 50 anos, aqui funcionava a 2ª Cia.
de Guarda do Exército que durante a ditadura militar se transformou num
centro de torturas, dores e mortes; hoje, meus companheiros, ergue-se
uma verdadeira catedral dos direitos humanos. Neste painel em que se
homenageiam dezenas de revolucionários que não se deixaram vencer pela
tirania militar, o Ministério Público de Pernambuco engrandece a
história do nosso país na defesa dos direitos humanos e da memória dos
fatos.
Qual foi o grande legado à posteridade das gerações de 60 e
70 do século passado? A indignação diante das injustiças sociais e a
paixão como abraçavam as grandes causas.
Onde estão os criminosos
de lesa-humanidade que tiranizaram o país por 21 anos? Estão por aí
como cães danados da História Universal.
O que fizeram? De Che Guevara, um mito; de Carlos Lamarca, um herói; de David Capistrano e Fernando Santa Cruz, mártires.
Com
este painel histórico, eis a resposta da liberdade ultrajada aos
tiranos. Nele, duas grandezas se encerram: a verdade histórica e o
reconhecimento dos homens que carregam o sentimento de justiça e da
verdade.
Encerrando pontuou Agassiz Almeida: - Quando no amanhã
dos tempos as futuras gerações perguntarem o que fizemos a história
responderá: Eles foram uns indignados contra as injustiças sociais e os
criminosos de lesa-humanidade.
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