Marlos
Magalhães Porto – Em primeiro lugar, Túllyo, gostaria de agradecê-lo pelo
convite e lhe felicitar pelo seu blog.
Boa apresentação visual e conteúdo bastante atualizado. Arcoverde
precisa ampliar os canais de comunicação independente de que dispõe e seu blog
contribui para esse escopo.
Estou morando em Arcoverde desde 02/07/2011
e não tenho visto nenhuma obra de destaque ser realizada. Nem mesmo ações
básicas de manutenção e fiscalização têm sido realizadas a contento – pelo
menos para os que se preocupam com o cumprimento das leis, com a coibição dos
abusos, com a existência de um ambiente socialmente justo, sem privilégios
indevidos ou omissões injustificáveis. Como ações de manutenção, podemos citar:
limpeza pública, desobstrução de galerias e canais, reposição de calçamento,
conservação dos prédios públicos; na área de fiscalização, é preciso desde
recolher os animais que tomam contam das ruas e impedir que ruas e calçadas
sejam obstruídas com material de construção e metralha, até cobrar o
recolhimento correto do ISS pelos comerciantes e evitar que funcionários
públicos da prefeitura se valham de seus cargos para a obtenção de vantagens
indevidas.
A maioria das pessoas, Túllyo, infelizmente
não sabe separar o interesse pessoal daquilo que é público. Um cidadão que
tenha tido sua rua calçada vai considerar positiva a gestão, mesmo que pouco
tenha sido feito, fora do seu microcosmo. Já aquele que teve um eventual
interesse ilegítimo contrariado avaliará negativamente, sem atentar para os
avanços. O bom gestor não visa realizar ações eleitoreiras, mas sim contribuir
para o pleno desenvolvimento de sua cidade; tampouco receia desagradar a quem
quer que seja, pois sabe que muitas vezes isto é inevitável, se, de fato, se
propuser a cumprir a lei corretamente.
Por fim, no terreno ético, essa gestão é
uma calamidade e uma vergonha para a sociedade arcoverdense. O relatório da
CGU, de 550 páginas, do ano de 2009, que muitos desdenhavam e menoscabavam,
mostrou aos desavisados ser fruto de um trabalho sério de investigação. O
recente escândalo envolvendo o secretário de obras do prefeito, homem de sua
confiança, que teve de ser afastado, com a Polícia Federal vasculhando os
arquivos da prefeitura, é a prova disto.
Blog Túllyo Cavalcanti: A
frente de oposição de Arcoverde conta hoje com mais de uma pré-candidatura a
prefeito, como anda as negociações em torno da unidade para sair um só
candidato?
Marlos
Magalhães Porto – Já estiveram melhores, mas creio que ainda há
possibilidade de entendimento. Desde que todos os envolvidos dialoguem em pé de
igualdade, sem intermediários, e considerem a possibilidade de abrir mão de uma
candidatura. Não é porque um candidato está bem em pesquisas realizadas a seis
meses da eleição, que ele é o que tem mais chances de ganhar. O fator surpresa
deve ser considerado. Além disso, o eleitor quer novidade – mas sem
retrocessos. É preciso mudar. Louvo o presidente do PSB, João Justino, pelo
esforço em fazer seu partido ficar na oposição, mesmo diante dos interesses de
alguns em levá-lo para o palanque governista. Ele tem total legitimidade em se
colocar como opção e sua postulação merece respeito. Não podemos esquecer que
João Justino é do partido do governador e que a interferência deste no processo
eleitoral de Arcoverde pode ser decisiva. Por outro lado, analisando a recente
escolha do prefeito, vemos que os quadros tecnicamente mais bem preparados
foram descartados. Refiro-me a Luciano Pacheco e Wellington Araújo. Não
vislumbro, por trás do aparente congraçamento entre a predileta do prefeito e
os que foram preteridos, nenhum laivo de unidade em torno de um projeto comum.
Fato é que o prefeito teve que fazer segredo, esse tempo todo, sobre suas
intenções nesta eleição para evitar uma desagregação do seu grupo.
Blog Túllyo Cavalcanti: Mesmo sendo filho de Arcoverde, seu pai ser Giovanni Porto, ex-prefeito da
cidade, algumas pessoas comenta que o Sr veio morar em Arcoverde há pouco
tempo. Isso pesa contra sua candidatura?
Marlos
Magalhães Porto – Acho que isso pesa bastante a favor, já que muitas
lideranças importantes da cidade sequer estão morando aqui. Além disso, a Vara
Federal de Arcoverde foi criada em março do ano passado; logo, não tinha como
sequer cogitar essa possibilidade até então, já que trabalhava desde 2003 na
sede do Tribunal Regional Federal da 5ª Regiao, em Recife, do qual sou servidor
concursado. Fui gerado em Arcoverde, tendo minha mãe saído daqui para Recife
grávida de mim, em 1980, com meus cinco irmãos, todos menores de idade, quando
meu pai foi trabalhar no Governo do Estado, na gestão de Marco Maciel. Em
Recife sequer fui batizado na época própria, por falta de conhecimento, quer de
quem fosse o padre, quer de padrinhos. Cito esse exemplo apenas para mostrar
que, de certa forma, vivemos em Recife como “peixe fora d’água”. Uma cidade
violenta, poluída, cercada de concreto, com custo de vida mais elevado, onde
tudo é distante, de relações pessoais vazias ou inexistentes. Optei por vir
morar aqui “de mala e cuia” e tive a felicidade de conseguir isso, algo que
muitos querem, mas infelizmente não podem, já que as oportunidades de
crescimento são bem maiores na capital – apesar do enorme potencial que tem o
interior. Mudei-me para aquela que tem tudo para ser até mesmo a futura capital
de Pernambuco. Vim para as origens e mergulho no futuro.
Blog Túllyo Cavalcanti: Caso não venha a ser candidato, o Sr simpatiza mais por qual nome da Oposição? Marlos
Magalhães Porto – Sem qualquer mágoa, Túllyo, mas por absoluto dever de
fidelidade ao que penso e sinto, diria que um dos grandes injustiçados da
política de Arcoverde é o sr. Giovanni Porto. Não me refiro às derrotas para
prefeito ou para deputado, mas sim para vereador. 2000 foi a eleição do
carro-pipa, em que até a classe média “entrou na dança”. Já em 2004, meu pai
pregou no deserto contra a compra de votos, em pleno palanque de Zeca, e talvez
por isso apenas lhe deixavam falar em torno de três a cinco minutos – alguém
que foi considerado por políticos de renome como o maior orador de massas do
interior, igualando-se a ele no Estado apenas o ex-governador Cid Sampaio. Mas
ele não pensa mais em se candidatar, embora seu espírito sempre jovem ainda
seja capaz de, caso quisesse, contagiar toda essa juventude sedenta de valores,
de ideais, de exemplos de vida de pessoas que, como ele, conseguiram ser aquilo
que pregaram. Outro que seria um grande candidato é Julião. Ele também foi
injustamente derrotado em 2004 e, na época, fazia parte do PPS, do qual hoje,
coincidentemente, sou presidente no nosso município. Seria passar a limpo a
história recente de Arcoverde. Porém, dos que têm interesse em se lançarem
candidatos e estão aparecendo nas pesquisas, João Justino, que também
representaria o novo (e que nunca disputou a prefeitura, ao contrário de
Israel), é que teria a minha preferência.
Blog Túllyo Cavalcanti: Quais as suas prioridades com Educação e Saúde?
Marlos
Magalhães Porto – O PPS tem, nacionalmente, propostas para essas áreas, que
deverão ser defendidas pelos seus candidatos; além disso, tenho algumas idéias
para apresentar à população, porém no momento certo, caso se efetive a nossa
candidatura. Mas, quanto a prioridades, de forma bem genérica, considero
possível erradicar o analfabetismo e profissionalizar a grande maioria dos
nossos jovens. Na saúde, é preciso botar os médicos do serviço público
municipal para cumprirem o Juramento de Hipócrates, pois muitos deles mais se
comportam como fariseus ou magos do que como praticantes da ars cvrandi, legada pelo mestre grego.
Afinal, Hipócrates libertou a medicina das superstições e magias do passado,
mas hoje a medicina também se encontra cativa da magia dos médicos, que é
transformar as doenças de contingentes enormes de seres sofredores em fortunas
pessoais.
Blog Túllyo Cavalcanti: Como está formada a chapa do PPS para candidatos proporcionais (vereadores)?
Marlos
Magalhães Porto – Juntamente com o PSL, partido presidido por Givanildo
Alves Lima (Gil da Celpe), que é nosso aliado, temos em torno de 14 nomes
dispostos a se candidatarem a vereador. Queremos viabilizar condições melhores
para que os mesmos possam disputar, porém não negociamos apoio a esta ou aquela
candidatura em troca de vantagens. E, se for o caso, temos disposição e apoio
da direção estadual do partido para caminharmos sozinhos.
Blog Túllyo Cavalcanti: Quais os principais desafios de Administrar uma cidade do porte de Arcoverde?
Marlos
Magalhães Porto – A grande maioria da população da cidade, Túllyo, é
excluída das oportunidades, sofre para conseguir emprego, para ter o que botar
na mesa, para ter atendimento de saúde. Quem não precisa passar a madrugada no
chão da rua para pegar ficha de atendimento para ter direito a um exame, não tem
real dimensão de quão vergonhoso é o estado da saúde pública em Arcoverde. O
político sério precisa ter essa sensibilidade mais aguçada. Infelizmente,
porém, as pessoas se acostumaram a receber migalhas e se contentarem. Este governo fomenta as necessidades, para
depois saciá-las a conta-gotas. Essa prática não é de hoje, é bom que se diga.
O assistencialismo é um mal que urge ser combatido. Muita gente se sente
reconfortada em saber que pode pedir uma ajudinha aqui ou acolá a algum
político governista, para mitigar alguma aflição de maior intensidade ou
urgência. Enquanto isso, a situação geral vai de mal a pior. De uns anos para
cá, nem mesmo um ambiente seguro para criar seus filhos é assegurado aos
cidadãos. As drogas e a violência ceifam vidas preciosas entre nossos jovens. É
preciso empenho em cumprir e fazer cumprir as normas e não se pode ser
burocrático na área social. A educação tem que inserir o jovem no mercado de
trabalho e lhe dar a possibilidade de exercer um ofício, por mais simples que
seja. O empreendedorismo deve deixar de
ser uma utopia. É preciso, por fim, visão de futuro para desenvolver as
vocações da cidade, sem esquecer da indispensável atenção ao meio-ambiente.
Blog Túllyo Cavalcanti: O Perfil de Marlos Porto.
Marlos
Magalhães Porto – Sou uma pessoa que se entrega facilmente à defesa não de
uma, mas de várias causas que me pareçam justas. Isso às vezes é um problema,
porque em tudo na vida é necessário ter concentração. Penso que todos somos, na
essência, espírito, não matéria. Por isso, interesso-me muito pelo
aprimoramento da espiritualidade. Admiro a filosofia da Seicho-no-Ie, o budismo
da Escola Ch’an e o Racionalismo Cristão, o qual freqüento aqui em Arcoverde.
Profissionalmente, não cobiço nenhum cargo. Sinto-me realizado como servidor da
Justiça Federal. Desde a infância, porém, quis ser médico; abdiquei deste
sonho, seguindo para a área jurídica, por achar que este seria um campo mais
propício para o desenvolvimento de minhas aspirações políticas, vendo esta como
a ferramenta indispensável à concretização da Justiça. Pessoalmente, além do
privilégio de ter uma mãe-oceano e um pai-farol, ela, um exemplo de
simplicidade e de doação aos filhos, ele, sempre orientando e aconselhando, não
apenas como pai, mas como amigo, tenho cinco irmãos maravilhosos, cada qual com
seu temperamento peculiar. Além disso, tenho uma esposa que amo e que me faz feliz
e que, mesmo quando crescem as dificuldades, sabe ser sempre forte e guerreira
– e que também adotou Arcoverde como sua cidade do coração.
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