quinta-feira, 24 de maio de 2012

Joaquim Francisco, a cultura e a cidadania

Roberto Pereira ,Ex-secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco robertop@elogica.com.br.
O insigne homem público Joaquim Francisco, cuja trajetória na vida pública é marcada pela honradez, pela competência, pelo ideário democrático e pela vocação de servir às causas sociais sem delas se servir, nessa esteira ocupou os cargos de secretário de Estado, por duas vezes prefeito do Recife, governador de Pernambuco, deputado federal, ministro de Estado, avultando nele, desde cedo, a extremada dedicação à consecução de obras e iniciativas, visando o desenvolvimento autossustentável, capaz de promover as melhorias de vida de sua gente, uma das suas sensibilidades e obstinações.
Impressiona não somente ele ser um tocador de obras, mas também a sua nítida e reconhecida percepção de que somente a pedra e cal não fazem a cidade, não emolduram o Estado. Estes espaços são povoados por pessoas que desejam ser gente e agente do processo de desenvolvimento.
É aí que vem a sua humana ansiedade, quando ele entende ser necessário investir na cultura, levando ao povo a nossa história e as nossas tradições, abrindo espaço e janelas de oportunidades aos artistas da nossa gleba. Não foi à toa que o seu último ato enquanto governador foi entregar, na Praça da República, o monumento em homenagem à Revolução Republicana de 1817, que teve em Abelardo da Hora o seu escultor e idealizador. Também pela arte e talento de José Pimentel levou às ruas o espetáculo O Calvário de Frei Caneca, uma aula a céu aberto.
O Festival de Inverno de Garanhuns tem a marca de Joaquim Governador, e ainda hoje perdura pelo reconhecimento dos governos sucedâneos à importância desse evento que une arte e cultura, promovendo oficinas literárias levadas aos professores e, separadamente, aos estudantes.
Quando prefeito, ainda hoje está na memória do recifense o projeto A Arte é do Povo, que, levado às comunidades, se realizava sob o manto da alegria e da tranquilidade. Aqui, Joaquim também recomendava a prática dos cursos e oficinas, consoante a demanda solicitada por cada comunidade.
Joaquim entende a cultura também como um exercício da cidadania. Daí a preocupação com o aprendizado, a abertura de mercado aos nossos artistas e a inclusão social. Restaurou os nossos teatros, criou projetos para que todos tivessem as suas oportunidades e o povo sempre ganhasse com esses cometimentos. Foram muitos os projetos, dentre os quais as Caravanas Culturais, o Sou Mais Recife, Corrida das Pontes, sem falar nos carnavais e ciclos juninos espetaculares que levou à nossa gente. No seu governo, por exemplo, o Galo da Madrugada pela primeira vez desfilou em Caruaru, apesar do antagonismo político com o então prefeito da Capital do Agreste, o nosso vice-governador, João Lyra Neto, outro grande da nossa vida pública.
Cultura não deve ter coloração partidária, exclama Joaquim Francisco. Discordar quem há de?
Por DIARIO DE PERNAMBUCO

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