O Ministério da Integração Nacional promoveu, nesta quinta-feira (24), em Salgueiro (PE), o seminário "Comunidades quilombolas e o Projeto São Francisco: construindo soluções e apontando caminhos". O evento integra o Programa de Desenvolvimento das Comunidades Quilombolas - um dos 38 Programas Ambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco -, que objetiva apoiar o processo de reconhecimento e territorialização, promover melhoria na qualidade de vida e fortalecer o desenvolvimento dos processos produtivos das 12 comunidades quilombolas assistidas pelo empreendimento.
“Uma das ações de apoios às comunidades quilombolas é a capacitação delas em vários setores da economia, como a produção de caprinos, plantio de hortaliças orgânicas e incentivo ao empreendedorismo. Hoje é a oportunidade que eles têm de mostrar o que aprenderam e trocarem experiências e ideias com outras comunidades”, destaca Elianeiva Odísio, coordenadora-geral de programas ambientais.
Cerca de 190 participantes, entre representantes de associações e comitês locais das comunidades quilombolas localizadas nos municípios pernambucanos de Cabrobó, Mirandiba e Salgueiro, participaram do seminário. O evento marcou o encerramento do Programa Integrado de Capacitações, organizado nas comunidades quilombolas buscando promover um processo de formação continuada e contribuindo para a autonomia e organização socioeconômica e ambiental das comunidades.
Durante as capacitações, foram desenvolvidas atividades como oficinas temáticas nas áreas de organização social, incentivo ao empreendedorismo e busca de parcerias, bem como ações produtivas de agricultura orgânica e agroflorestal, criação de animais de pequeno médio porte, apicultura, beneficiamento de frutas e gestão integrada de resíduos sólidos.
“Nossa comunidade é situada em uma área muita seca. Muitas mulheres revezam o tempo entre o trabalho na roça e o bordado. Com a capacitação de empreendedorismo, elas ampliaram o conhecimento nos cursos de bordado e aprenderam a confeccionar bolsas. Também teve o curso de produção de compota de doces, que foi muito aproveitado pelas mulheres da comunidade. Dentre os temas das capacitações, essa é a produção que mais tem dado certo”, contou Aurelita da Silva, quilombola da comunidade Cruz dos Riachos.
Conhecimento e empreendedorismo - Além do estímulo ao cultivo de espécies mais adequadas para a região, as oficinas promovidas pelo Projeto São Francisco, iniciadas em agosto de 2011, possibilitaram aos pequenos produtores quilombolas melhores condições para competir no mercado e obter financiamentos.
Os resultados já são visíveis e têm contribuído para uma maior organização social, fiscal e administrativa das comunidades. Essa população está cada vez mais empreendedora e voltada à aplicação de ações produtivas como o manejo de animais de pequeno porte, agricultura orgânica, gestão integrada de resíduos sólidos e beneficiamento de frutas.
Compensação Ambiental - As atividades para o desenvolvimento das comunidades quilombolas integram os 38 planos e programas ambientais desenvolvidos pelo Ministério da Integração Nacional com vistas à minimização, à compensação e ao controle dos impactos ambientais provocados pela implantação e operação do Projeto São Francisco. Ao todo, os recursos para a compensação ambiental somam cerca de R$ 1 bilhão e vão trazer benefícios econômicos, sociais, científicos e ecológicos para as localidades da área de abrangência do empreendimento.
Em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o ministério investe na melhoria das condições de moradia dos quilombolas. Para isso, está prevista a construção de 328 casas. Até o momento, 228 famílias já trocaram as antigas moradias de taipa por outras de alvenaria. Dessas, 106 estão em Salgueiro, 47 em Mirandiba, 44 em Custódia e 31 em Cabrobó, municípios pernambucanos. Outras 18 casas estão em construção.
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