Especialistas
destacam a importância
de planejar a cidade para as pessoas e não para os automóveis
Na
sétima e última audiência pública da Comissão Especial de Mobilidade
Urbana da Assembleia Legislativa de Pernambuco, ocorrida na manhã desta
segunda-feira (7), especialistas em trânsito e mobilidade urbana
expuseram
estudos e exemplos que podem ser adaptados à realidade do Estado. O
debate
aconteceu no Plenarinho III da Casa, na rua da União, bairro da Boa
Vista, no
centro do Recife.
Mediado
pelo presidente da Comissão e deputado estadual Sílvio Costa
Filho (PTB), o encontro contou com a participação dos professores da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Oswaldo Lima Neto, Maurício
Pina,
Leonardo Meira, César Cavalcanti e o reitor Anísio Brasileiro. Também
presentes, o deputado federal João Paulo, o presidente do Crea-PE José
Mário
Cavalcanti e o consultor em transporte público Germano Travassos.
Costa
Filho abriu a discussão lembrando a importância da parceria entre
a UFPE e o poder Legislativo. “É um marco poder dialogar diretamente com
a
academia. Aqui estão técnicos que têm autonomia e domínio sob a questão.
Certamente esse é um ponto chave na construção da nossa carta aberta”.
O
documento com a radiografia da mobilidade da Região Metropolitana do
Recife (RMR) e de Pernambuco será lançado na Alepe no próximo mês de
junho e
entregue em prefeituras, governo estadual e federal, universidades e
bibliotecas, com projetos, metas e sugestões para os próximos 10 anos.
O
primeiro palestrante, Germano Travassos, comparou o investimento que é
feito para a circulação de automóveis e o que é voltado para os ônibus.
“Abrir
espaço para carros é estimular o seu uso e se preparar para um
congestionamento
próximo”, alertou o consultor. “Foi feito um investimento significativo
no
entorno do Terminal Joana Bezerra para os automóveis, contudo o terminal
continua
deficiente. É questão de escolha e de política pública. Onde colocar o
dinheiro?”, indagou.
Já o
doutor em transporte, Oswaldo Lima Neto, lembrou que a última
pesquisa domiciliar realizada na RMR foi em 1997, pela antiga
EMTU/Recife.
“Faltam dados atuais para que nós possamos conhecer os reais problemas
da
mobilidade e enfrentá-los. Sem pesquisas não é possível planejar”.
O
mestre e doutor Maurício Pina também frisou que é preciso conhecer a
realidade antes de optar. “Se faz necessária uma atualização dos dados.
Não
podemos ficar no ‘achismo’”. Além disso, Pina ressaltou que os 15
edifícios-garagem que serão construídos no centro do Recife vão
estimular ainda
mais o uso de automóveis e adensar a área. “Mobilidade ou imobilidade?”,
questionou complementando que em Amsterdam, capital da Holanda, são
construídos
edifícios garagens, porém, para as bicicletas.
O
professor Leonardo Meira provocou os presentes. “Você quer passar o
dia no congestionamento ou fazer um passeio pela cidade? Você aproveita e
conhece
o espaço público? O que faz para melhorar a mobilidade urbana de sua
cidade?”.
Falta de ciclovias, de calçadas de qualidade e de estrutura - como
bicicletários e vestiários -, também foram citados como obstáculos que
envolvem
a problemática.
César
Cavalcanti, vice-presidente da Associação Nacional de Transportes
Públicos (ANTP), destacou cinco prioridades para decidir corretamente
sobre
projetos de mobilidade urbana: pesquisar a demanda e tecnologia,
planejar antes
de optar, garantir recurso para investir em manutenção, ouvir a
comunidade
técnica e aplicar mecanismo de subsídios à operação. “Nós não sabemos o
que
está acontecendo na cidade, isso é uma vergonha. Optar antes de planejar
é
colocar o carro na frente dos bois”, desabafou.
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