terça-feira, 2 de outubro de 2012

Secretários de Agricultura do Nordeste querem PAC Semiárido para atender a 1,5 milhão de famílias no sertão

Conseagri sugere ao governo federal transportar milho por navios e edição de MP para que rebanhos não sejam dizimados
Reunidos em Recife, os secretários de Agricultura dos estados nordestinos e o de Minas Gerais, aprovaram por unanimidade proposta apresentada pelo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (Conseagri), engenheiro agrônomo Eduardo Salles, de reivindicar à presidente Dilma Rousseff a implantação do PAC Semiárido. Nesta semana, os secretários apresentam aos governadores sugestão de ofício a ser enviado por eles à presidente Dilma, sensibilizando-a a criar o PAC Semiárido.
A proposta da implantação do PAC está baseada em dois pilares. Reserva alimentar para os rebanhos, através da palma forrageira; e água para dessedentação animal, através de poços e barragens para perenizar rios e riachos. “O objetivo desse programa é atender a cerca de 1,5 milhão de famílias de agricultores do semiárido nordestino com ações estruturantes e não mais paliativas”, explicou o secretário da Bahia e presidente da Conseagri, Eduardo Salles. O secretário executivo da Agricultura Familiar de Pernambuco e gerente geral do Prorural, Aldo Santos, acrescentou que a seca não deve ser combatida. “Temos sempre a perspectiva de convivência com o Semiárido. Para isso, precisa existir um conjunto de políticas. A ideia do “velho combate à seca” e das “grandes obras” já está comprovada de que não se sustenta na dinâmica de desenvolvimento do Semiárido brasileiro”, enfatizou.
A idéia básica da ação é que cada uma das 1,5 milhão de famílias de agricultores familiares tenha uma pequena área plantada com palma adensada, e cada comunidade tenha pelo menos um poço, mesmo que com água salobra, barragem subterrânea ou pequenas barragens para perenizar rios e riachos.
Além da proposta da criação do PAC Semiárido, os secretários vão solicitar à presidente Dilma e aos ministérios afins a continuidade do programa Bolsa Estiagem, ampliação das parcelas do programa Seguro Garantia Safra, e a prorrogação do Crédito Emergencial, previsto para ser encerrado no dia 31 de dezembro deste ano. “Estamos vivendo o pior momento da seca, e a situação não vai melhorar depois que a chuva chegar”, disse o secretário de Pernambuco, Ranilson Brandão Ramos, lembrando que o período pós-seca é também muito complicado.
Transporte de milho
De acordo com o levantamento realizado pelos secretários nordestinos, para atender às necessidades imediatas de alimentação animal nos estados do Nordeste, são necessárias hoje 120 mil toneladas de milho, o que demanda quatro mil carretas para fazer o transporte desde o Centro Oeste, onde está o estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por falta de carretas, o milho não está chegando, deixando apavorados os pequenos criadores do semiárido nordestino, que assistem, sem nada poder fazer, a morte dos rebanhos.
Para resolver esta questão e evitar tragédia maior, o Conseagri está sugerindo à presidente Dilma e ao Ministério da Agricultura (Mapa) duas ações imediatas para complementar a remoção de milho. “Propomos que o grão seja transportado de navio, desde o porto de Paranaguá, até os portos dos estados nordestinos, de onde a distribuição para o interior é mais rápida, e a edição de Medida Provisória (MP) autorizando a Conab a comprar imediatamente milho nos estados produtores do Nordeste, mesmo que a preços maiores que o preço mínimo da Conab, para venda balcão aos pequenos criadores nordestinos”, informou o presidente do Conseagri.
Texto: Josalto Alves

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