Conseagri sugere ao governo federal transportar milho por navios e edição de MP para que rebanhos não sejam dizimados
Reunidos
em Recife, os secretários de Agricultura dos estados nordestinos e o de
Minas Gerais, aprovaram por unanimidade proposta apresentada pelo
presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura
(Conseagri), engenheiro agrônomo Eduardo Salles, de reivindicar à
presidente Dilma Rousseff a implantação do PAC Semiárido. Nesta semana,
os secretários apresentam aos governadores sugestão de ofício a ser
enviado por eles à presidente Dilma, sensibilizando-a a criar o PAC
Semiárido.
A
proposta da implantação do PAC está baseada em dois pilares. Reserva
alimentar para os rebanhos, através da palma forrageira; e água para
dessedentação animal, através de poços e barragens para perenizar rios e
riachos. “O objetivo desse programa é atender a cerca de 1,5 milhão de
famílias de agricultores do semiárido nordestino com ações estruturantes
e não mais paliativas”, explicou o secretário da Bahia e presidente da
Conseagri, Eduardo Salles. O secretário executivo da Agricultura
Familiar de Pernambuco e gerente geral do Prorural, Aldo Santos,
acrescentou que a seca não deve
ser combatida. “Temos sempre a perspectiva de convivência com o
Semiárido. Para isso, precisa existir um conjunto de políticas. A ideia
do “velho combate à seca” e das “grandes obras” já está comprovada de
que não se sustenta na dinâmica de desenvolvimento do Semiárido
brasileiro”, enfatizou.
A
idéia básica da ação é que cada uma das 1,5 milhão de famílias de
agricultores familiares tenha uma pequena área plantada com palma
adensada, e cada comunidade tenha pelo menos um poço, mesmo que com água
salobra, barragem subterrânea ou pequenas barragens para perenizar rios
e riachos.
Além
da proposta da criação do PAC Semiárido, os secretários vão solicitar à
presidente Dilma e aos ministérios afins a continuidade do programa
Bolsa Estiagem, ampliação das parcelas do programa Seguro Garantia
Safra, e a prorrogação do Crédito Emergencial, previsto para ser
encerrado no dia 31 de dezembro deste ano. “Estamos vivendo o pior
momento da seca, e a situação não vai melhorar depois que a chuva
chegar”, disse o secretário de Pernambuco, Ranilson Brandão Ramos,
lembrando que o período pós-seca é também muito complicado.
Transporte de milho
De
acordo com o levantamento realizado pelos secretários nordestinos, para
atender às necessidades imediatas de alimentação animal nos estados do
Nordeste, são necessárias hoje 120 mil toneladas de milho, o que demanda
quatro mil carretas para fazer o transporte desde o Centro Oeste, onde
está o estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por falta
de carretas, o milho não está chegando, deixando apavorados os pequenos
criadores do semiárido nordestino, que assistem, sem nada poder fazer, a
morte dos rebanhos.
Para
resolver esta questão e evitar tragédia maior, o Conseagri está
sugerindo à presidente Dilma e ao Ministério da Agricultura (Mapa) duas
ações imediatas para complementar a remoção de milho. “Propomos que o
grão seja transportado de navio, desde o porto de Paranaguá, até os
portos dos estados nordestinos, de onde a distribuição para o interior é
mais rápida, e a edição de Medida Provisória (MP) autorizando a Conab a
comprar imediatamente milho nos estados produtores do Nordeste, mesmo
que a preços maiores que o preço mínimo da Conab, para venda balcão aos
pequenos criadores nordestinos”, informou o presidente do Conseagri.
Texto: Josalto Alves
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