Senador Armando Monteiro comenta expectativa sobre possível apoio do prefeito do Recife a Geraldo Júlio
Antes
de embarcar de Brasília para São Paulo, onde falará sobre a economia
brasileira a convite da direção do Banco Itaú Unibanco, em almoço com a
participação do presidente da instituição, Roberto Setúbal, o senador
Armando Monteiro concedeu uma entrevista na manhã desta quinta-feira
(05) a Geraldo Freire, na Rádio Jornal, do Recife.
Na
conversa, Armando analisou as recentes medidas de estímulo à indústria
brasileira tomadas pelo Governo Federal, falou sobre os recentes
acontecimentos políticos no Recife, que ele classificou inclusive como
“imprevisíveis”, e comentou a possibilidade de apoio do prefeito do
Recife, João da Costa (PT), ao candidato do PSB, Geraldo Júlio.
Leia a entrevista:
Medidas de estímulo à indústria
Armando Monteiro – “As
medidas foram necessárias porque há uma queda da atividade econômica
que se reflete mais fortemente na indústria. Porque a indústria está
muito mais sujeita a esta concorrência externa, há uma forte penetração
de produtos importados, manufaturados, da Ásia, da Índia, da China, em
decorrência dessa retração do mercado internacional, que cria um aumento
da concorrência. Ou seja, o mercado brasileiro é um mercado importante.
Portanto, as indústrias e os países olham o mercado brasileiro. Então, a
indústria tem sido mais atingida por este quadro de retração
internacional.
As
medidas adotadas pelo governo são necessárias, mas pontuais. Por
exemplo, estas que foram dirigidas ao setor automobilístico têm
produzido efeitos. Ou seja, as vendas da indústria de automóveis do mês
passado foram muito influenciadas pelas medidas que o Governo adotou.
Mas eu acho que dentro deste novo contexto da crise internacional é
preciso adotar medidas de caráter mais estrutural. Os problemas hoje de
competitividade da indústria se situam, sobretudo, na questão dos
custos. Os custos de produção do Brasil ficaram mais altos. Nós temos
custos de energia muito altos. Nós temos um descompasso na questão da
produtividade e dos salários. Portanto, é preciso atacar essas questões
mais estruturais”.
As surpresas na eleição do Recife
Armando Monteiro: “Acho
que este estoque (de surpresas) já está esgotado, porque realmente uma
série de coisas ocorreu e algumas absolutamente imprevisíveis. Eu acho
que o quadro agora está definido. Nós vamos, então, para a disputa. São
quatro candidaturas, e nós estamos muito seguros de que o candidato
apoiado pela maioria dos partidos da Frente Popular representa neste
momento uma alternativa muito interessante para o Recife.
Ou
seja, o Recife precisa adotar um novo modelo de gestão, o Recife
precisa entrar neste novo tempo que Pernambuco está vivendo. E não há
este novo Pernambuco se nós não tivermos um Recife que possa de alguma
maneira corrigir os problemas que hoje nós identificamos no dia a dia da
cidade. A questão da mobilidade, da funcionalidade da cidade, que
precisa se preparar para o futuro, que precisa resgatar uma visão de
médio e longo prazo, de planejamento urbano, ordenamento urbano. Nós
temos hoje um caos, as calçadas, todo mundo faz o que quer no sentido de
desrespeitar certas regras, e as carências estruturais da cidade, que
se acumulam em várias áreas críticas. É tempo de oferecer ao Recife um
novo modelo de gestão. Este é o compromisso fundamental que a Frente
Popular tem neste momento”.
A Frente Popular terá o apoio de João da Costa?
Armando Monteiro:
“Eu não gosto de fazer juízos que possam parecer depreciativos. Eu
tenho a autoridade de quem apontou certas mazelas da atual administração
há muito tempo, inclusive saímos da gestão, da equipe da Prefeitura do
Recife. Evidentemente, aconteceram uma série de fatores que concorreram
para esta situação. Mas eu acho que não há nada que possa, de alguma
maneira, excluir a possibilidade de um apoio do prefeito. Por várias
razões, que são conhecidas, que são notórias, houve um desencontro do
prefeito com o seu próprio partido. De modo que nós entendemos que o
prefeito tem um papel a desempenhar, tem um papel importante do ponto de
vista das suas responsabilidades com a cidade, mas evidentemente nós
respeitaremos qualquer opção que ele venha a assumir”.
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