Preocupado com o quadro de crise nas principais economias do mundo, o senador Armando Monteiro (PTB/PE) avalia que o Brasil tem hoje condições de enfrentar as turbulências, provocadas principalmente na Europa e Estados Unidos, com maior tranquilidade. Em pronunciamento na tribuna do Senado, ele fez a seguinte avaliação: “Nesse contexto internacional, o Brasil não é e nem poderia ser uma ilha, uma economia autárquica, uma economia autônoma. O Brasil é um país que está conectado com o mundo, que depende dos fluxos comerciais e dos fluxos financeiros. É verdade que o Brasil dispõe de condições diferenciadamente positivas para o enfrentamento desse quadro”.
Armando Monteiro procurou externar sua satisfação com medidas adotadas nos últimos dias pelo governo Dilma Rousseff, que, na avaliação dele, “estão na direção correta”. Para o senador, o acordo firmado para ampliar benefícios fiscais às micro e pequenas empresas, inclusive com estímulos à exportação do setor, complementa as ações do Plano Brasil Maior, lançado na semana passada com a nova política industrial brasileira.
Do ponto de vista do senador, o estoque da dívida brasileira não é tão elevado se comparado à realidade das economias centrais. “O Brasil tem uma dívida líquida em torno de 40% do seu Produto, mas infelizmente o serviço dessa dívida é extremamente oneroso, porque o Brasil tem taxas de juros reais extremamente elevadas. Devemos aproveitar esse momento para promover uma inflexão na política monetária, de modo que tenhamos taxas de juros que possam convergir para a média dos países emergentes, sem colocar em risco o funcionamento da economia brasileira”, avaliou Armando Monteiro, acrescentando que é hora de o Brasil retomar “com urgência” uma agenda que foi “abandonada nos últimos anos”.
Uma das ações que o parlamentar se refere, é por ele chamada de um “rearranjo na política macroeconômica do Brasil”. “O intuito é produzir no ambiente macroeconômico do país uma situação mais favorável ao desempenho futuro da economia brasileira, sobretudo a necessidade de realinhar dois preços macroeconômicos fundamentais como são os juros e o câmbio, que, a meu ver, estão fora do ponto de equilíbrio”, explicou.
Apartes – O senador Cristovam Buarque (PDT/DF) ratificou o posicionamento de Armando Monteiro sobre o acerto das medidas tomadas pelo governo federal. Porém, indagou: “Por que esperamos a crise para adotar medidas tão certas? Medidas como a ampliação do Simples, se tivessem sido tomadas há vinte anos, as micro e pequenas empresas no Brasil estariam numa situação muito melhor. Demoramos muito, e só descobrimos a importância das medidas quando a crise já chegou”, comentou Cristovam.
Além disso, Cristovam destacou o problema do “apagão de mão de obra que está atrelado ao apagão educacional”. O parlamentar afirmou que o país está atrasado e isso vem prejudicando a indústria, carente de profissionais qualificados. “Eu tive o privilégio de ser membro da comissão de educação que o senhor (Armando Monteiro) criou, quando foi presidente da CNI. Queria ver se a gente consegue ampliar esse sentimento que o senhor teve como presidente da Confederação, para que outros empresários percebam que mais adiante vai haver um problema mais sério do que falta de crédito, de matéria prima, de câmbio elevado, de juros altos, enfim, vai ser o problema do atraso educacional neste País. Creio que o senhor, pelo que fez como presidente da CNI, possa ser uma das pessoas para fazer despertar esse sentimento”, registrou.
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