Márcio Didier
Editor do Blog da Folha
O resultado da pesquisa Ibope divulgada agora à noite pode não ser o fim do mundo para a campanha de Paulo Câmara, mas deverá deixar todos os sinais da Frente Popular amarelos. Os números mostram que a coisa não está andando nada bem. Na última pesquisa Ibope divulgada, Câmara tinha 8% das intenções, contra 43% do petebista Armando Monteiro Neto. Na época, integrantes do PSB lembraram que a pesquisa havia sido contratada pelo PTB, como forma de desmerecê-la.
Agora, não há essa desculpa. Argumentam, então, que o socialista cresceu três pontos percentuais. Com a margem de erro de três pontos para mais ou para menos, isso não é crescer, mas oscilar dentro da margem de erro. Mas vamos lá. Vamos admitir que seja um crescimento. Mesmo assim seria um avanço muito tímido para um candidato que tem um volume de campanha como Paulo Câmara está tendo.
Mas há outros argumentos usados pelos integrantes da Frente Popular. “A situação é parecida com a de Geraldo Julio, na disputa da PCR.” Poderia ser, mas não é. Geraldo Julio foi lançado três dias antes da convenção. Com um mês de campanha, ele tinha um mês e três dias de exposição.
Câmara está há quatro meses nas páginas dos jornais e nas entrevistas de rádio. Andou por várias cidades ao lado de Eduardo Campos. E, mesmo na campanha, de quatro finais de semana, o ex-governador esteve (vai estar, com a carreata de domingo, em Caruaru) presente em três.
Os números mostram que o script até agora foi mal escrito. O discurso contra o “patrão”, “filho de pai rico” e “mau patrão” se mostrou equivocado. Soou preconceituoso e não foi bem recebido por nenhuma classe. Prova disso é o índice de rejeição do socialista, que, apesar de ser novato na disputa, tem número maior do que o adversário, em sua quinta disputa. Talvez por isso é que esse tipo de discurso foi, aos poucos, mutando e desapareceu. É bom lembrar que Eduardo Campos ganhou duas eleições com uma campanha propositiva, sem ataques. Talvez o eleitor tenha ficado mal acostumado.
E é mais ou menos isso que o candidato da coligação Pernambuco Vai Mais Longe, Armando Monteiro Neto (PTB) vem fazendo. Calculando cada passo da sua campanha, adotou o discurso de não criticar o Governo de Eduardo Campos, muito bem avaliado pela população. Prefere falar em avançar mais. Também tentou encurralar Câmara na questão da campanha limpa, defendendo a retirada de cavaletes e bandeiras das ruas. E segue em céu de brigadeiro.
E os problemas na Frente não pararam na exposição ou no discurso. Há também a imensa aliança de Babel de 21 partidos feita em torno de Câmara. A eleição proporcional é um barco pequeno demais para muitos passageiros. Diante disso, cada um pega seu bote e vai remando só. E o socialista vai tentando manter a rota navegando com alguns poucos.
Já nos bastidores da Frente sobraram críticas ao comando da campanha. De falta de experiência à inexistência de diálogo, cada um tinha (ou tem) o seu juízo pouco elogioso. Foi feita a mudança. Renato Thibaut saiu e José Neto, homem de confiança de Paulo Câmara, entrou. A esperança é que as queixas diminuam.
Mas é preciso um freio brusco de arrumação. O sinal amarelo pode passar para o vermelho a qualquer momento. Ou a rota é corrigida ao a eleição vai acabar bem antes da linha de chegada.
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